sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Vai chegar o dia em que eu vou ter que te ensinar
a somar, a dividir, subtrair, multiplicar
vai chegar o dia em que eu vou ter que te ensinar
a separar as sílabas e também a soletrar
vai chegar o dia em que eu vou ter que te ensinar
que as pessoas vão embora e não dá pra adivinhar
vai chegar o dia em que eu vou ter que te ensinar
que por mais que a gente erre sempre dá pra consertar
vai chegar o dia em que eu vou ter que te ensinar
que nem sempre o atalho é um bom caminho pra tomar
vai chegar o dia em que eu vou ter que te ensinar
que quando tudo escurece, o amor pode iluminar
vai chegar o dia em que eu vou ter que te ensinar
que a falha é humana, mas divino é perdoar
vai chegar o dia em que eu vou ter que te ensinar
que nem tudo é verdadeiro e sempre é bom desconfiar
vai chegar o dia em que eu vou ter que te ensinar
que quem dá corda para o medo perde a chance de arriscar
vai chegar o dia em que eu vou ter que te ensinar
se o mundo fica pequeno você tem que inventar
vai chegar o dia em que eu vou ter que te ensinar
que a saudade não é um laço e que você pode voar
vai chegar o dia em que eu vou ter que te ensinar
que se suas asas se quebrarem, vai ter sempre um lugar

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Tem mais poesia num suspiro meu do que em toda essa baboseira pseudo modernista mal escrita vagando por aí.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Aline

Teus olhos, Aline,
convidam-me ao pecado
de aventurar-me em seu corpo
tão jovem, bem formado
de amante irrestrita.

Teus olhos, Aline,
são repletos de malícia,
Teus olhares e sorrisos,
de carinho e de cobiça.

Aline,
desvenda-me teu segredo
de longe, pois tenho medo
de não resistir ao teu chamado

silencioso, irrecusável
De ir buscar meu sossego
aconchegado entre teus seios
repousado em teu abraço

Ode ao Ódio

Odeio como odeia quem se deixa envolver
Pela fúria até maior que o próprio medo de morrer
Odeio com vontade, vergonha não cabe em mim
Pois o ódio é só o começo do que um dia vai ter fim

Ódio tão desmerecido, pouco visto em sua nobreza
Que, assim como o amor, enche o homem de certeza
Muito embora o amor seja somente um sinal de sorte
E o ódio desmedido leve o homem à sua morte

Eu sei que um dia acaba, já vi isso acontecer
Ninguém continua odiando depois que a morte o surpreender.
Que eu perca tudo na vida, e me curve a procurar
Mas que leve até o túmulo meu dom de odiar.

Ausência

Chegará um momento em que, inevitavelmente, não mais estarei aqui
Terá fim minha comunhão com as coisas terrenas
embora as coisas terrenas, peremptoriamente, seguirão seu curso
existindo apesar da minha falta física (ou por causa dela?)

Far-se-á a constatação de que o curso dos dias seguirá inalterado:
o nascente e o poente
o meio dia
e o jantar servido, pontualmente, às oitemeia.

Tudo seguirá conforme os planos traçados assim que minha existência não mais for efetivamente verificada como real.

E de mim, o que dirão?
- Ele não faltava trabalho - alguém diria.
- Ele deixou tresouquatro músicas - outro lembra.
- Há dias não falava com ele - a maioria perceberia.
- Talvez eu devesse ter perguntado como ele estava - um mais atento poderia conjecturar

Mas passado o instante de choque, onde a ausência se torna presente, tudo voltaria a ser exatamente como era e sempre será: as primaveras aconteceriam, os rádios tocariam as mesmas canções patrocinadas pelas mesmas pessoas, e o curso dos dias seguiria inalterado:

o nascente e o poente
o meio dia
e o jantar servido, como sempre, às oitemeia

quarta-feira, 8 de março de 2017

Quem diria?

Quem nos via
todo dia
na rotina
sem clima

Quem nos via?
Quem ouvia?

Quem diria
e nos veria
assim, em fim,
felizes,
completos

cada
um
por
si?

terça-feira, 14 de junho de 2016


Ensinar a viver é ensinar a pescar. É ensinar a jogar a linha e ter a paciência necessária para recolher os frutos que a vida te traz.

É ter a paciência e o esforço para conquistar aquilo que se almeja. Uma família, um carro, um amor maior do mundo.

É reconhecer a ganância, a cobiça e a mesquinharia. Aprender que quando a gente não vai pra frente, às vezes a culpa é do outro.

Pra pescar a gente tem que ter calma. Pra viver também. A calma e a serenidade de ter um beijo gostoso de boa noite e de manhã cedo. De ter a certeza de que minha mamadeira é a melhor do mundo. De estar ciente de que um anjo fica com medo de dormir se eu não estiver em casa.

Eu sigo pescando e nadando nesse mar que conquistei pra mim, depois de ter passado tanto tempo molhando os pés em água rasa.

Mesma água rasa na qual tu finges nada, quando em verdade está esperneando, sabendo que te afogas.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Sobre o trigo (embora nada a ver)



Tic, toc, tic, toc...
Finalmente acordei. O despertador tocava há seis anos. Foi difícil pressionar o “soneca”. Lavei a cara na pia do banheiro e, diante do espelho, um estranho me olhou.
- E aí? – Perguntei
- Tranquilo. – respondeu
Nervoso, sem saber quem era aquele cara e o que queria, insisti:
 - Qual é?
- De boa. É bem contigo que eu quero falar. – Ele disse.
Surtei. Passei a vida pagando impostos, contribuindo pro INSS, votando conscientemente pra, agora, isso? Inviável. Protesto, meretíssimo, esse ser é um estranho.
- Tu acha mesmo? – perguntei
 – Olha pra ti e olha pra mim... Eu sou tu! – ele falou, como se soubesse mais que eu.
Duvidei. Pois simplesmente não poderia ser eu. Como EU, logo EU, poderia estar assim tão...tão...tão careta? Logo eu, que me aventurei e desaventurei na adolescência e no período pré adulto?
- Eu?
- Exato, tu mesmo.
Mas como? Álcool, maconha, cocaína, anfetamina, ritalina, rivotril, diazepan, haxixe... Nada passou despercebido nessa busca imensa e inexata de alguma coisa. E tudo deu em nada.
- Tu não é o ******? - Eis a pergunta que eu tanto temia. Era eu, sim. Mas com um passado atordoado, tal pergunta soava quase como um castigo, uma maneira de trazer à tona tudo que eu tentava a todo custo esquecer.
- Eu? Sim... Bem eu. Depende, qual é a acusação? – A brincadeira, sempre. Pra desestimular outra piada qualquer.
- Bah, cara, ouvi tua música... Curti pra caralho. Fala bem sobre um lance que eu vivi.
- Tá brincando! Sério?
- Meu, de boa.
- Pôxa, valeu... Bah, nem sei o que dizer... Obrigado.
- Capaz...

Medo do Escuro
(letra e música: Igue Morelli / Ivanor Kieling)

Mãe, vê se me deixa em paz
eu to indo e não volto mais
Eu quero é ser feliz
Como eu sempre quis

Já comprei minha passagem
Arrumei toda minha bagagem
Eu to indo embora
e tem que ser agora!

Terminei com a Fernanda,
mostrei quem é que manda
e agora eu vou

Perdi meu medo do escuro
Agora estou seguro
de onde eu quero estar:
Com os meus amigos
que estão comigo
aonde quer que eu vá.

(foto: http://geoconceicao.blogspot.com.br/2011/06/revolucao-verde-2.html)

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Vertigem

Vertigem

Ao te ver, altiva,
autista autointitulo-me.
Pois esse ver-te
(que de mim verte),
me prende, aprende,
apreende,diverte.

Em ti, encontro a certeza,
enquanto (e quanto!),
em contrapartida,
encontro a partida.
E, se parte, toma meu peito,
reparte.Toma algo que é meu.

Tens de mim um pedaço de vida.
Em troca, quero também algo teu.
Se já tens de mim um pedaço,
divida.

(http://www.lojamais.com.br/Loja/Emp_MostraProd.aspx?codProduto=552922&codemp=38484)